O grupo agropecuário Santa Fé, de Santa Helena de Goiás (GO), obteve fez acordo com credores e obteve da Justiça autorização para converter seu processo de recuperação judicial em recuperação extrajudicial. O processo envolve dívidas de R$ 195 milhões. Como parte dos esforços, a empresa também conseguiu ampliar o prazo de pagamento de R$ 80 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), emitidos em 2022.
O grupo do empresário Pedro Merola, dono de um faturamento da ordem de R$ 190 milhões em 2024, contratou a consultoria EXM Partners, especializada em recuperação e reestruturação de empresas, para apoiar na articulação do acordo com os credores.
O juiz Ronny André Wachtel, da Comarca de Santa Helena de Goiás, aprovou o pedido de conversão em recuperação extrajudicial e determinou a suspensão, por 120 dias, da cobrança das dívidas com credores quirografários e com garantia real. Da dívida de R$ 195 milhões, R$ 127 milhões são dívidas com credores da classe II (com garantia real) e R$ 68 milhões com credores da classe III (quirografários).
A proposta teve aprovação de 65,71% dos credores da classe II e 56,69% dos credores da classe III. A companhia precisava de aprovação de maioria simples dos credores para adotar a recuperação extrajudicial. O maior credor é o Banco do Brasil, com crédito de R$ 116,9 milhões, que aceitou a proposta de recuperação extrajudicial. A negociação com a Caixa Econômica Federal ainda está em andamento.
Eduardo Scarpellini, sócio fundador da EM Partners, disse que a operação foi estruturada de forma a reduzir demora do trâmite judicial e para preservar as atividades do grupo.
“O processo extrajudicial é menos desgastante para o grupo e para os credores. Tem custo menor porque não tem custos com demanda jurídica, nem com administração judicial”, observa o consultor. E no caso dos bancos, na recuperação extrajudicial, as instituições financeiras ficam dispensadas de fazer o provisionamento dos créditos, melhorando sua liquidez.
“Durante a negociação o grupo conseguiu carência total da cobrança de juros das dívidas por 18 meses. Depois desse prazo, o grupo pagará 15% do principal da dívida, até 2030. O restante será pago nos cinco anos seguintes”, disse Scarpellini.
O acordo não envolveu descontos nos valores das dívidas, uma ação comum nos processos de negociação do tipo. A amortização do principal da dívida vai variar de acordo com a geração de caixa do grupo projetada. Caso o desempenho do grupo supere as projeções, metade do ganho excedente será destinado à antecipação do pagamento da dívida.
Segundo Scarpellini, a Santa Fé opera em plena capacidade e atualmente conta com um confinamento de mais de 20 mil cabeças de gado. “O prazo de carência e o alongamento da dívida foram importantes para a geração de caixa da companhia e melhorar o fluxo de pagamento”, disse o consultor.
Atualmente, em torno de 55% da receita do grupo vem da venda de grãos e algodão e 45%, do confinamento. O grupo emprega 190 funcionários. Toda a operação fica em Goiás. A expectativa do grupo para este ano é atingir faturamento de R$ 250 milhões.
O grupo Santa Fé também conseguiu estender para quatro anos o prazo para pagar R$ 80 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que venceriam em 18 meses.
Os detentores do CRA não estão sujeitos às regras da recuperação judicial. Isso porque o CRA tinha como garantia a alienação fiduciária de duas fazendas e a alienação fiduciária é uma garantia extraconcursal. Por isso a negociação ocorreu de forma paralela.
Entre os investidores do CRA estão Vinci, BBM e o fundo RURA11 (Fiagro da Itaú Asset).
O acordo contou com suporte jurídico do escritório Murillo Lobo & Advogados Associados.
O grupo Santa Fé chegou a fazer o confinamento de 51 mil cabeças de gado em 2022, e plantar 8,5 mil hectares com soja, milho, algodão e feijão. Entre 2023 e parte de 2024, a companhia sofreu com os reflexos da queda nos preços do boi.
A companhia reduziu o confinamento para 20 mil cabeças por ano e apontou queda na produtividade da soja e do feijão.
O endividamento chegou a R$ 435 milhões. A Santa Fé vendeu parte das suas fazendas e conseguiu reduzir o endividamento para R$ 279 milhões. “Mas isso não foi suficiente para dar o equilíbrio financeiro adequado. Em 2024, o grupo teve dificuldades para captar recursos para fazer o plantio das safras e custear os tratos do confinamento”, afirmou Scarpellini.
Em dezembro de 2024, a Santa Fé pediu uma cautelar à Justiça para suspender a cobrança de dívidas. O pedido foi negado à época pela juíza Thalene de Oliveira, da Comarca de Santa Helena de Goiás.
O grupo recorreu e, no mesmo mês, o desembargador Eliseu Vieira, do Tribunal de Justiça de Goiás, permitiu a suspensão das dívidas por 60 dias, enquanto negociava novas condições de pagamento com os credores.
O prazo foi estendido nos meses seguintes. O grupo teria que entrar com um pedido de recuperação judicial completa, depois de vencer o prazo da cautelar, mas optou por negociar com os credores a recuperação extrajudicial.
https://globorural.globo.com/google/amp/negocios/noticia/2025/06/grupo-santa-fe-faz-acordo-para-recuperacao-extrajudicial.ghtml
Fonte: Globo Rural
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