Itajobi evita recuperação judicial e já prevê crescimento

Itajobi evita recuperação judicial e já prevê crescimento

Como muitas outras, a pequena Usina Itajobi, de Marapoama (SP), na região de Catanduva, sentiu as agruras que o setor sucroalcooleiro enfrentou na década passada – e, como poucas, ela conseguiu sair da dificuldade sem precisar mergulhar em um doloroso processo de recuperação judicial.

Em 2019, a companhia pediu aos bancos credores um alívio em suas dívidas, sobretudo nos primeiros anos, para que ela conseguisse tomar fôlego e se colocar mais uma vez de pé. Foi assim que a Itajobi reestruturou dívidas de R$ 250 milhões, evitou judicializar o pagamento aos credores e, agora, se aproxima da safra 2021/22 até com perspectiva de crescimento.

Naquele momento, a Itajobi chegou a apresentar à Justiça um pedido de recuperação, depois que o BTG se negou a negociar e tentou executar garantias. O pedido, porém, foi retirado antes de sua homologação, depois que foi aberta uma brecha para renegociação com os bancos.

Contratada para assessorar a companhia, a consultoria EXM Partners ajudou a usina a firmar um acordo de standstill (que suspende cobranças) com a maior parte dos credores. A reestruturação acertada entre a Itajobi e o sindicato formado por Bradesco, Itaú, Rabobank, Votorantim e o líder do grupo, o Santander, previa alongamento da dívida por seis anos, carência de juros e principal no primeiro ano e carência de principal no segundo ano (na safra 2020/21). O acerto incluiu ainda uma redução dos juros: a taxa passou de dois dígitos para um.

Em paralelo, a Itajobi renegociou os prazos de seu débito de R$ 26 milhões com o BTG, o que afastou o risco de execução que o banco vinha apresentando. Para arrematar a reorganização, a EXM passou a atuar na gestão da usina. A antiga administração foi afastada, e Henrique Dalkirane, da consultoria, assumiu o cargo de CEO, reaproximando-se da família controladora, principalmente de Bento Geraldo.

O alívio de curto prazo foi essencial para a empresa poder investir nos canaviais. A Itajobi destinou R$ 36 milhões por safra para os tratos culturais em seus 16 mil hectares, além de R$ 25 milhões ao plantio para a renovação anual de 3,2 mil hectares de lavouras.

“Passamos a aplicar os corretivos na hora certa, o que melhorou a produtividade”, diz Dalkirane. Na colheita da safra atual, a produtividade aproximou-se de 80 toneladas por hectare, acima das 73 toneladas por hectare do ciclo anterior. A moagem saltou de 1,6 milhão a 2 milhões de toneladas, que é o limite da capacidade da indústria. A produção foi beneficiada ainda por um incremento na concentração de sacarose na cana.

O executivo calcula que a usina vá faturar R$ 380 milhões na safra atual, o que representará um crescimento de 50%. Nesse período de reestruturação, a usina também aumentou seu quadro de funcionários, que era de menos de mil e passou a 1,2 mil.

Produto direto do Proálcool na década de 80, a Itajobi terá que voltar a pagar as amortizações das dívidas aos bancos na próxima temporada, mas isso não a assusta mais. “Para a próxima safra, devemos superar esse montante de investimentos porque temos que agregar mil hectares novos em parcerias agrícolas”, afirma Dalkirane. O resultado esperado, de maior oferta de cana, só deve aparecer no ciclo seguinte (2022/23).

Até lá, a usina prevê mais contratações. E ainda vai substituir uma empresa terceirizada de transporte de cana por operadores próprios.

Fonte: Site Valor

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